quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Estar novamente na Sala de Ensaio.

Há um estágio próprio do teatro, indispensável a todo processo de criação do espetáculo, o ensaio. È no ensaio onde todas as possibilidades são experimentadas, é no ensaio que o encontro se efetiva, o espetáculo é construído e os artistas se permitem ultrapassar os limites de suas capacidades. No ensaio a permissividade é para que do excesso surjam as estruturas das cenas e os detalhes do processo de interpretação. E mais uma vez estamos nós ocupando este lugar de afetos e de construção.

Tapioca e seu parceiro de cena Cláudio Siqueira, na estreia em 2014.

Começamos a montar “Tapioca – Um solo de Artista”, em 2012, espetáculo concebido para falar sobre as possíveis decadências do circo popular brasileiro. Em 2014 estreamos em feliz temporada no Teatro Marco Camarotti, no Sesc Santo Amaro, em Recife, tendo no elenco o ator-palhaço Boris Trindade Júnior que, mesmo em um solo, dividiu a cena com o ator-bailarino Cláudio Siqueira, posteriormente substituído pelo bailarino-ator-fotógrafo Rogério Alves. Agora, em novembro de 2018, depois de circular por Recife, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, São Lourenço da Mata, Arcoverde, Igarassu, Petrolina, Paulista, Olinda, Caruaru e Tacaimbó, voltamos à sede da Companhia Brincantes de Circo para ensaiar com o ator André Ramos, em substituição temporária a Rogério Alves.

Estar em sala de ensaio é se permitir rever o espetáculo, problematizá-lo, reinventá-lo, se for o caso. André tem sua estréia marcada para o próximo dia 30 de novembro, na cidade de Belo Jardim, no Chaminé Fest, de onde partirá para Mimoso (distrito de Pesqueira), dia 01 de dezembro no Centro Social e Cultural Marcelino de Carvalho Freitas. No dia 02 de dezembro será a vez de Pesqueira, na Unidade do Sesc para um público preferencialmente a partir de 14 anos de idade. 

Tapioca, palhaço popular criado por Bórica (Boris Trindade Júnior) está em busca de espaço para o circo e percebe que não é tão fácil como se parece. Não há mais lugar para se instalar o Circo com toda a sua estrutura. Descobre que não há políticas públicas eficientes, ao contrário, há uma retração, uma complexa relação entre poderes constituídos e as gestões públicas. Não há somente Ararinha Azul em risco de extinção, ao Circo Popular está dado o mesmo destino caso não haja uma mudança nos rumos das políticas. Seja nas grandes e médias cidades, seja nas pequenas, montar um Circo é um ato de extrema solidão, com dificuldades as mais diversas, inclusive o preconceito. Hoje em dia a dinâmica é manter longe os circenses e suas lonas desgastadas pelo tempo.
No Teatro Arraial/2018, Tapioca e seu Partner Rogério Alves.

Tapioca tem dramaturgia original de Naruna Freitas, Músicas e Direção musical de Sônia Guimarães, Direção de Arte de Pedro Gilberto, Coreografias e Direção de Movimento de Mônica Lira e Rogério Alves, Design de luz e operação de Beto Trindade. A operação de som é de Jerlâne Silva que também é assistente de produção. A confecção de cenário, figurino e adereços foi um trabalho dos irmãos arcoverdenses Sandra Lira e Paulo Rogério Lira. Em Belo Jardim a produção local é de Juvêncio Amâncio e em Mimoso e Pesqueira, de Luana Félix. O Circuito Tapioca em Cena é subsidiado pelo Ministério da Cultura, através do Prêmio Funarte para Circulação de Espetáculos Circenses – 2018. 


  José Manoel Sobrinho, Diretor e Encenador de Tapioca, um solo de Artista. 
Recife, 28 de novembro de 2018.